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Anexo do Museu Casa Lacerda

A Casa Lacerda é um dos principais edifícios da Lapa, não apenas pelo seu histórico relevante, mas por demonstrar e manter alguns costumes antigos, refletidos tanto na arquitetura quanto nas atividades oferecidas para a comunidade. 

            Para a inserção do edifício anexo, tomou-se por premissa a manutenção dos elementos externos mais importantes no contexto – pátio em tijoleira, poços, canteiro com rosas, pomar e horta – enfatizando a vista para o morro ao leste da paisagem e o pergolado com a glicínia, ambos referentes a lembranças afetivas para a família Lacerda e para a comunidade lapeana. 

            Estes elementos foram essenciais para a definição da implantação do novo edifício. Considerando que haveria um pavimento em contato com o pátio em tijoleira, o pergolado existente foi utilizado como pórtico de acesso à arquibancada, dando protagonismo tanto ao novo espaço de pequenas apresentações quanto à glicínia.  Desta forma, o programa se distribui em uma barra lateral no pavimento superior, assentado sobre um embasamento sólido no térreo.

            A vista para o morro foi considerada fundamental tanto a partir do pátio em tijoleira, onde estão enterradas as cinzas de Maria Thereza Lacerda, quanto das janelas da Sala do Relógio. Ao posicionar-se no pátio aberto, a vista é emoldurada pelos novos componentes arquitetônicos, sendo que essa moldura corresponde ao principal eixo de circulação para o pavimento superior do novo edifício. Já a partir das janelas da Casa, a proposta foi mimetizar o impacto da inserção, utilizando-se do telhado verde para prolongar a vista até o morro, enfatizando o aspecto vegetado que a paisagem original apresenta.

            Uma vez definido o conceito, as soluções arquitetônicas se mostram simples, de forma a não destacar-se mais do que as edificações existentes, porém apresentando uma linguagem contemporânea própria. Buscou-se incorporar os elementos existentes mantendo suas principais funções, como o pátio e o pergolado enquanto articuladores dos espaços, assim como propor novos usos nos novos espaços – pracinhas, arquibancada, jardins, pátios, terraços e varandas.

            A cozinha, considerada o principal item do programa, tem destaque na implantação, apresentando um terraço inteiramente voltado para o pátio e fundos da Casa. A loja integra-se com o café, utilizando-se da interface com a tijoleira para dispor mesas e incentivar a apropriação dos espaços. Já a área expositiva localiza-se no balanço voltado para a Travessa Francisco Brito de Lacerda. A sala multiuso localiza-se no térreo, conectada com a arquibancada, flexibilizando seu uso. A biblioteca conecta-se com a área administrativa, uma vez que ambos oferecem atendimento ao público de maneira mais restrita. Todo o apoio sanitário e de funcionários foi localizado ao lado da arquibancada.

            No novo edifício, a circulação ocorre por rampas, evitando gastos com implantação e manutenção de elevadores e garantindo que todos os visitantes percorram um caminho acessível. Assim, a tijoleira funciona como um meio-nível, com uma rampa central que acessa o pavimento superior, e uma rampa lateral que percorre a extensão do terreno até o térreo.

            As atividades do edifício anexo integram-se com as atividades da Casa Lacerda através do paisagismo, conectando as funções novas e antigas através da valorização dos elementos existentes. Com o intuito de integrar o patrimônio edificado e a intervenção ser construída, a proposta paisagística pauta-se no conceito de paisagismo ecológico e biofílico, fundamentados na reconexão das pessoas com o espaço natural e na sustentabilidade aplicada ao paisagismo. Foram incorporadas algumas premissas biofílicas e conceitos estruturados na integração do paisagismo contemplativo com áreas produtivas, como horta, horta de Panc’s (plantas alimentícias não convencionais) e árvores frutíferas; jardins de chuva para auxiliar na drenagem do terreno; jardim de mel, que busca resgatar abelhas nativas do Brasil; telhados e paredes verdes; e uso de espécies nativas do país e região Sul.

            Os jardins podem cumprir ainda uma função de educação ambiental, junto à educação patrimonial, por meio do respeito à natureza e ao meio ambiente. Um jardim histórico pode inclusive fomentar o respeito aos nossos antepassados. Em busca desse respeito ao patrimônio cultural e à memória da D. Maria Thereza Lacerda, o canteiro composto pela rosa que recebeu suas cinzas assume um protagonismo frente aos outros, além de uma sinalização, mostrando a importância deste espaço para a memória e para a cidade. Assim o protagonismo do vazio se mantém e é nele onde o encontro e as conexões acontecem, unindo o antigo ao contemporâneo, o edificado e os jardins.


Nome Anexo do Museu Casa Lacerda


Local Lapa – PR


Ano 2019


Status Concurso


Área 620m²


Cliente IPHAN – PR


Equipe Fábio Domingos Batista, Igor Costa Spanger, Luciano Suski, Moacir Zancopé Junior, Suzanna de Geus, Aline Proença Train e Sarah Greuter